domingo, 19 de abril de 2009

Luta pela vida....




Luta pela vida







Deixo aqui um episódio vivido por mim muito recentemente que me trouxe grandes aflições curiosamente no Litoral Sintrense.
Certo dia fui fazer um reconhecimento de uma zona de pesca e respectiva sessão fotográfica com os meus cães.




Descemos a falésia muito íngreme Pelos  carreiros e trilhos dos Pescadores.
No fundo uma praia de pedras e rebolos nos esperava

Lá em baixo a paisagem é fantastica. a noção do disnivel é acentuado pela falesia e as pedras pequenas que se veem lá de cima, adquirem agora outras porporções.







Subo a uma pedra alta e os meus cães não conseguem subir.
Deixo-me ali estar para puder observar mais atentamente o mar e fazer uma fotografia com uma panorâmica ao nível do mar.











O Duke procura forma de chegar ate mim e num salto não consegue fixar-se na pedra escorrega pela pedra.
Ao tentar-se segurar com as patas na pedra extremamente agressiva corta as almofadas das patas.
Eu sem me aperceber que ele se tinha ferido algo me preocupou e rapidamente desço da pedra dando por encerrado o reconhecimento.



No regresso ao longo da praia de pedras e rebolos, reparo que o Duke fica para traz e penso que ele pode estar cansado.



Algo ali não esta bem pois na passagem de alguns obstáculos ele hesita.
Volto para junto dele e numa pedra mais atrás vejo sangue.
Rapidamente descubro que nas 4 patas tem as almofadas rasgadas algumas presas por pontas.
Apodera-se de mim uma aflição.
Como consigo chegar com o Duke ao carro?
Tenho o carro a mais de 150 mts de altitude com caminho de pedra solta e com uma inclinação superior a 45 graus para transpor.
Esta é a parte impossível de transpor.


Para chegar aí ainda tenho de percorrer com 38 kg nos braços sobre rebolos e seixos os 300 mts que me separam da subida
Foi com muito sacrifício que lá cheguei.
Agora o impossível está minha frente.
Esgotado, e com uma vontade imensa de chorar, mas não consigo, em vão tento lentamente a subida.
2, 3 passos com o Duke ao colo e as forças desaparecem.
O Duke outra vez no chão. Mais uma tentativa e nada.
O medo e pânico apoderam-se de mim.
Tento analisar a situação e tentar buscar soluções para que sozinho consiga transpor a enorme barreira que tenho entre mim e o carro.
Tudo o que me ocorre depende exclusivamente da minha energia e forças mas não as tenho.
A única solução é pedir ajuda.
Só uma equipa de resgate consegue resolver a situação
O 112.
Puxo do telemóvel e faço uma chamada.
Nada.
Tento novamente e nada.
Reparo então que não tenho rede.

Tinha de chegar ao carro na esperança de ali ter rede.
Bruscamente retiro a roupa que trazia vestida e estendo no chão num local plano coloco o Duke deitado sobre a minha roupa e digo para ficar deitado. Ao lado do Duke, a Klein está deitada também,
Com todas as minhas energias começo a subir a arriba, poucos metros mais acima dou com a Klein ao meu lado e o Duke sobre a minha roupa mas de pé.
Dou ordem para ficar e arranco a subir.
Olho para traz e o Duke já não estava no mesmo lugar.
Tinha começado a andar. Muito lentamente subia e com enorme esforço.
Eu não podia parar e o Duke também não.
Eu subia e gritava para o Duke,
ANDA DUKE , VAMOS PARA CASA. FORÇA DUKE....ANDA.....

Eu fazia breves paragens quando ele também parava.
Foi com grande sofrimento e com determinação e luta pela vida que o Duke chegou até mim já muito perto do carro.
Aliviado por a situação estar resolvida e o Duke estar novamente ao meu lado pronto para voltar para casa.
Como penitencia ainda teria de voltar a descer a falésia para buscar roupa e maquina fotográfica que lá tinha deixado.
Ambos estávamos exaustos e eu aliviado.
O Duke esperou 2 longas e penosas semanas para voltar a andar.
Agora tudo está bem.

P.S. Ao escrever este texto revivi os terríveis momentos passados naquele lugar e serenamente consegui verter as lágrimas que até hoje permaneceram nos meus olhos

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